12 de jun. de 2013


Espetáculo Marias da Luz-

Parque da Luz, ou melhor, Jardim da Luz. O primeiro de São Paulo. Um lugar onde passado e presente convivem em cada recanto, criando a possibilidade de um novo, de um outro tempo. Um tempo que abarca a realidade, mas também a ultrapassa. Um tempo habitado por pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo. Pessoas com as mais diversas histórias, idades, experiências. Algumas sentadas nos bancos, trabalhando. Outras, esperando, procurando uma conversa ou um momento de silêncio. Algumas passeando com a família, visitando o museu. Outras solitárias. Crianças, adultos, velhos. Todos habitando esse mesmo lugar. Um lugar de chegada e de partida, mas também onde é possível estar, ficar, ser. Um ponto de encontro. Da beleza, da glória com a decadência. Da alegria, do prazer com a solidão.
São tantos os caminhos possíveis para criar uma dramaturgia a partir do contato com esse espaço único em São Paulo, tantas as vozes, as imagens, as sensações, que durante o processo de trabalho do grupo no Parque da Luz o desafio se tornava maior a cada momento. Como criar um trajeto que possa contemplar todos esses caminhos, visões e vontades diferentes?
Nesse um ano e meio em que estivemos no Jardim da Luz, encaramos esse desafio. Foram inúmeros depoimentos recolhidos pelo grupo, todos revelando histórias, lembranças e principalmente o afeto de cada um por esse lugar. Todos revelando uma busca contínua, uma batalha por sobrevivência, por dignidade, pela possibilidade de encontro e de acolhimento.
O processo foi longo, intenso, muitas vezes dolorido, as escolhas sempre muito discutidas, debatidas, mas chegamos a um olhar que talvez possa representar o grupo. O nosso olhar, o nosso depoimento sobre esse jardim tão diverso: o espetáculo Marias da Luz.
As nossas Marias trazem para a Luz um pouco das histórias de mulheres e homens que dão vida a esse parque. São Marias de agora e de antigamente. Marias que saem de retratos de tempos diversos e se fazem presentes hoje, com seus desejos e suas feridas. Marias capazes de atravessar esses tempos e espaços sem desistir da busca por amor, por afeto e por um lugar onde é possível ser aceito, ser sujeito de sua própria frase. Marias que transformam a dor em luta, o abandono em encontro, criando novas possibilidades. Novas possibilidades de vida e de arte. De retratos do Jardim da Luz. Retratos em movimento, de um lugar que nunca está parado no tempo. Um lugar de ontem, de hoje, de sempre.

                                                      As Graças

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