28 de ago. de 2012


Ensaios com André Carreira 13 ao 21 de julho


Em julho partimos para um ensaio intensivo com nosso diretor André Carreira. Foram sete dias de ensaio para levantarmos os primeiros passos para o futuro espetáculo. A razão de termos ido para lá foi a impossibilidade da vinda do André para São Paulo. Ele estava ensaiando, com um grupo de Florianópolis, uma peça do Nelson Rodrigues que estrearia em agosto no Rio de Janeiro. Para este espetáculo, convidou dois atores de Goiás, do grupo Teatro que roda, com o qual ele montou o Dom Quixote. Também estava lá Iradis, uma estudante de teatro , que veio de Cuba a convite do André, para acompanhar seu trabalho. Neste curto espaço de tempo tínhamos reunidos, três estado brasileiros e dois países. Com isso conseguimos ver os processos uns dos outros. Tanto nós fomos assistir ensaios do Nelson Rodrigues, já em fase de acabamento, como eles foram ver alguns de nossos ensaios, ainda em início de processo. Iradis também acompanhou os dois processos e veio recentemente a São Paulo assistir a nosso espetáculo Nas Rodas do Coração no parque da Luz.
A criação de um espetáculo é sempre um trabalho árduo. Como transpor para a cena algo que foi sentido, visto, ouvido? Partimos de sensações, algo muito vago e imaterial. Como dar corpo à essas sensações? Mesmo quando temos um texto pronto, que não é o nosso caso, temos de encontrar a forma mais contundente de apresentá-lo. Angustiante. Mas muito instigante também. É uma imersão num desconhecido. Algo que vai sendo construído coletivamente, uma viajem em busca do sentido.
Tinhamos também conosco, os depoimentos das pessoas que frequentam o parque da Luz. Passamos algumas horas revendo essas histórias. Mas como recontá-las sem ofender, parodiar, ou ainda, não conseguir com isso, o mesmo impacto que a realidade tem. 
Quando chegamos em Florianópolis, o André nos apresentou também um roteiro de imagens que ele gostaria de usar no espetáculo. Ele parte da força de imagens que ele vislumbra no parque para depois chegar ao texto. Este talvez seja um processo inverso do qual estamos acostumadas onde, a pergunta primeira é o que vamos falar para depois sabermos como. Mas tratando-se de teatro de rua, talvez a força das imagens seja mais contundente e faça sentido partir deste ponte de vista. 
Com esse material, dúvidas e perguntas muito maiores que as certezas, fomos para a intimidade de uma sala de ensaio. Onde o fato de trabalharmos há 17 anos juntas nos ajuda, nos permite um ambiente de confiança e investigação, muito propício ao ato criativo. E onde o teatro nos permite descobertas sobre nós mesmas e sobre os outros. Fizemos uma série de improvisações com os estímulos que o André propunha e chegamos em alguns esboços de cena e algumas imagens que fizeram sentido para todos.
Também concluímos que temos a necessidades de chamar um dramaturgo para alinhavar e dar sentido a tantas histórias. Depois de levantarmos alguns nomes chegamos ao Leo Moreira da Cia do Hiato, que acaba de aceitar o convite.
Voltamos para São Paulo com alguns textos e indicações de cenas. Segue alguns dos textos produzidos. Lembrando que ainda são iniciais, precisam ainda de muita carpintaria.
 Vera Abbud


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